“Examine-se, pois,
o homem a si mesmo…” (1Co 11.28).
O chamado de Cristo nos evangelhos é um chamado para uma vida com abundância, mas que se faz com responsabilidade e com a busca gradativa da plena consciência do ser. O alvo, como diz Paulo aos efésios, é chegarmos à medida da estatura da plenitude de Cristo. Não existe crescimento que aconteça sem que haja trabalho e dedicação. Assim é na vida material, assim é na vida espiritual.
Na vida espiritual a dedicação tem que se intensificar, pois a negligência no trabalhar, inevitavelmente traz a desconstrução do patamar outrora alcançado. Portanto não podemos interromper o nosso trabalho de crescimento. Hebreus 10:39 nos diz: “Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da alma”. Se um pintor, um escultor, e tantos mais, interromperem suas obras durante um espaço de tempo, quando retomarem o trabalho interrompido, podem perfeitamente continuar donde pararam.
Mas, o mesmo não acontece com a obra espiritual de Deus em nós. Exemplificando: Quando a vida de oração é interrompida, a vida devocional com a Palavra de Deus, o salmodiar natural do coração a Deus em louvores espirituais, o testemunho espontâneo e várias outras práticas espirituais, quando são interrompidas ou levemente negligenciadas, para que o processo da continuidade delas seja retomado, inicia-se novamente o trabalhar de Deus. Aquele que já passou por esta experiência sabe muito bem que inicia-se novamente todo o processo como se nada soubéssemos ou quase isso. O que fica quando interrompemos o trabalho de Deus são apenas lembranças nostálgicas da presença do Espírito que a tudo vivifica, e quando não há vivificação, nosso coração caminha no meio de uma vale de ossos secos.
Na caminhada de fé, penso que ninguém deveria considerar a si mesmo um desviado do caminho. Refiro-me ao estado de entrega e cabal aceitação da condição de desviado. Nunca! E digo isto, por mais que eu e você passemos por dificuldades. Por mais que deixemos nos iludir pelo pecado, pelo engano de propostas que abraçamos, enfim, independente da circunstância, devemos ter a plena certeza de que é no caminho de Deus que se aprende a caminhar. Quanto a desistir… Jamais!
Trate com responsabilidade suas dificuldades, embaraços, pecados, e tudo que impede o seu crescimento. Paulo é claro: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo…” (1Co 11.28). Em outras palavras: Prove cada um seus pensamentos, examine suas emoções, sonde suas motivações, vasculhe seus desejos profundos, medite em seus propósitos, examine seus caminhos, critique suas escolhas, perceba seus embaraços na vida, seus pecados rotineiros, pontos fracos; enfim, seja terapeuta de si mesmo, lembrando de fazer tudo isto na presença do Senhor. Novamente Paulo é nosso exemplo. Notemos como ele se portava: “Quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3.13-14).
Quantos desdobramentos de problemas poderíamos evitar se tratássemos nossos problemas primários! Freqüentemente as pessoas seguem na vida, dando tempo ao tempo… Pecamos muito, protelando o que, às vezes, exigi uma postura mais enérgica de nossa parte. “Examine o homem a si mesmo”, é ordem que deixamos escapar. E por deixarmos escapar, o Senhor, em sua misericórdia, para não sermos condenados juntamente com o mundo, ele mesmo, nos examina, e nos disciplina. Leiamos: “Porque, se nós julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando somos julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo” (1Co 11.31-32).
Lembro-me de quantas vezes o Senhor teve que intervir em minha vida com a sua disciplina em situações que eu deixei passar, nada fiz e posição nenhuma tomei. Quando isto acontece, a disciplina do Senhor vem, e no momento “toda disciplina, com efeito, não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça” (Hb12.11). A disciplina do Senhor vem principalmente em função dos nossos pecados e embaraços. Mas, se tratarmos com responsabilidade todos eles, examinando e julgando a nós mesmos, e pedindo ajuda ao nosso advogado, que é Cristo, certamente estaremos progredindo na nossa caminhada, e não há pecado, nem embaraço que possam resistir nosso chamado para santificação em Cristo Jesus. Portanto, fique atento, e pratique o auto exame todos os dias. Um forte abraço. Deus te abençoe!
Celso Melo
Ipatinga / MG
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