“Porque ninguém há que procure ser conhecido em público e, contudo, realize os seus feitos em oculto.
Se fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo”
(Jo 7.4).
Se você, assim como eu, já se pegou pensando na fama como um alvo; ou pior, já se pegou ardendo de desejos pela notoriedade, pensando que isto que é ter sucesso, esta pequena reflexão, poderá te ajudar, desde que, obviamente, por um momento, você também tenha duvidado de suas próprias motivações.
A busca pela fama, notoriedade e reconhecimento parece ser legitimada todos os dias por tantos que, fazendo o que quer que seja, procuram avidamente por “um minuto de fama”. Claro é que isto é apenas o início, pois o que querem mesmo é que este momento-minuto seja transformado numa permanência, um estado do próprio ser. Interessante observar que quando este reconhecimento vem atrelado a recompensas financeiras, aí sim, não importa o que quer que seja feito, afinal, neste caso, o fim sempre justifica o meio…
O grande engano nesta corrida é pensar que, quando se chega no pódio, a alma se aquieta e respira o ar da autorrealização; e aqui, vem meu primeiro alerta: Não confunda a autorrealização com este lugar de fama. E porque não? Porque este lugar de fama está contaminado pelos valores de um mundo que compramos e adotamos em nossa vida no piloto automático, entende? Para o cristão, andar no fluxo deste mundo, é andar na contramão da vontade de um Deus que sabe que o mundo jaz no maligno.
O que pensava Jesus sobre a fama? Como se comportava? Será que Ele correu esta corrida? Aqui vai meu segundo alerta: Se eu e você quisermos correr esta corrida, teremos que buscar outro modelo, pois Jesus não poderá ser o nosso exemplo. Cristo, se fosse avaliado no quesito marketing pessoal, certamente seria reprovado. Quando é que alguém, tendo poder para fazer algo, e fazendo, não procurará fazê-lo publicamente? “Porque ninguém há que procure ser conhecido em público e, contudo, realize os seus feitos em oculto. Se fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo” (Jo 7.4). Estas foram palavras da família de Jesus e eles estavam certos quanto ao método, todavia Jesus não se deixou ceder a esta pressão. Mas, e sua igreja?
A igreja sim, infelizmente, e aqui, refiro-me à igreja evangélica independente do nome, afinal todas estão institucionalizadas e o número das que estão fazendo “comércio de vós” (2Pe 2.3) e cujos líderes pensam que a “piedade é fonte de lucro” (1Tm 6.5) é enorme. Reiterando, a igreja, cedeu ao sistema imposto pelo mundo e de forma geral, entrou na corrida pela fama, palco e notoriedade. As mais ávidas são as que abraçaram a publicidade e o marketing como “estratégias espirituais” de crescimento. O grande engano é pensar que precisam dar uma ajudinha para Deus.
Partindo para o final deste texto, eu tenho perguntas para você: Será que a fé precisa dar um show, mostrar um espetáculo e ser simplesmente sensacional para ser acolhida nos corações? Será que o nome de uma igreja precisa estar estampado numa grande placa de neon, juntamente com a foto do seu líder, altamente produzido, numa num reality show? Será que devo fazer ibope do que Deus está fazendo através de mim ao invés de focar e testemunhar o que Ele fez em mim? Esta diferenciação é sutil, mas existe. Você consegue percebê-la?
Será que uma igreja deveria criar um elo de identidade com o nome do seu fundador e/ou pastor, projetando-se em cima desse nome, mas ao mesmo tempo, se esquecendo de que o único que garantiu que as portas do inferno não prevaleceriam contra a igreja é Jesus? (Mt 16.18). Não deveria a igreja se projetar em cima desse nome – o único dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos? (At 4.18).
Será que Deus é mesmo o “Deus do espetáculo”, como canta uma conhecida canção atual? E será que ter sucesso se reduz a estar no palco, enquanto de lá, você contempla (na plateia) aqueles que não te ajudaram quando você estava na prova?… Falando de palco – palavra também presente na letra de uma famosa canção atual – é interessante observar o fascínio evangélico por esta posição. É como se o palco (que coincidentemente também começa com “P” de púlpito ou palanque (rs) fosse a incorporação do lugar no qual o sucesso se materializasse.
Prezado leitor, se você está, ou por vezes, se vê correndo esta corrida, saiba que esta não é a corrida, ou melhor, carreira que Deus tem para nós. Obviamente que quando as pessoas reconhecem o nosso trabalho, sentimo-nos bem, todavia isto deve ser apenas consequência. Não deve ser nossa busca original. Eu tenho em mim (e a experiência de várias pessoas sinceras também confirmam) a convicção de um há como que um vento (espero que entenda a figura de linguagem) que sopra os nossos feitos, fazendo com que o nosso nome seja conhecido por todos quantos Deus assim desejar. Se você também crê dessa forma, estamos juntos numa mesma corrida, mas esta sim, é outra corrida… Amém!
Celso Melo
Ipatinga / MG
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