“Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo” (Ef 4.15).
O crescimento espiritual no início da jornada exige a consciência de que o principal inimigo neste objetivo somos nós mesmos. Carne e espírito duelam constantemente, e cabe a nós, dominarmos esta batalha com atitudes de uma mente renovada, visto que, é exatamente nela que a batalha se manifesta de forma mais intensa e imediata. É preciso que a vontade de seguir o caminho que Deus tem para nós seja fortalecida; e se assim acontecer, seguiremos desejos e impulsos espirituais… e não carnais…
Se você que agora me lê, estiver no principiar da caminhada, quando quase tudo é novidade e não se está acostumado com estes conflitos, é provável que esteja se sentindo preso entre dois mundos. Provável também será a vivência de crises, podendo ser de caráter moral, onde se questiona a efetividade das implicações comportamentais da conversão ou pode ter até mesmo caráter existencial, onde os questionamentos se tornarão mais profundos e o valor da existência é colocado em xeque-mate juntamente com o próprio desejo de viver. Tudo isto faz parte do processo. Não se desespere! Trata-se apenas de um estágio! Torna-se preciso entender que sentimentos negativos, como tristeza, a sensação de solidão e as agitações internas do coração não devem servir de base para que você diga que não está crescendo ou pior, não foi acolhido pelo Senhor; trata-se meramente da “voz do seu corpo”, da sua carne; enfim, é o clamor do “velho homem” que não aceita a ideia da sua crucificação, que nos é apresentada na Bíblia como um fato real do qual devemos nos apropriar com fé e destemor (Rm 6.6).
Neste ponto do caminho espiritual a primeira lição da escola de Cristo começa a ser aplicada, a saber a renúncia, conforme disse sabiamente Matthew Henry ao colocar a renúncia como sendo a primeira lição do discipulado de Cristo. Mas, sempre é bom lembrar que não trata-se propriamente de renúncia comportamental do tipo não farei mais isto ou aquilo… A renúncia aqui é bem diferente, e reflete no domínio da própria vida, no controle do próprio coração que antes era levado ao sabor de qualquer desejo, qualquer possibilidade de prazer e vanglória. Provérbios 23:26 diz: “Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos se agradem dos meus caminhos”.
Meu querido leitor, com grande frequência pode ser que você se sentirá sozinho, afinal crescer não é uma decisão acatada por todos. Pode ser que se sinta desprezado ao executar atividades e adquirir posturas que outros desqualificam, como a perseverança na oração, vida abnegada, estudo da Palavra e pregação do evangelho. Devemos saber que a chamada de Deus é individual e que cada um de nós é responsável pelo seu próprio crescimento.
Lembro-me do meu tempo de ginásio, e sei o quanto a realidade do crescimento espiritual a nível individual é verdadeira. Nos estudos, frequentemente também se está sozinho. Quando uma prova é anunciada, e você começa a estudar nos períodos vagos, e começa a ver “as turminhas” se divertindo ao redor, e além disso, dizendo que você é bitolado demais, tal situação é bem constrangedora e desafiadora quanto à perseverança. Nestas circunstâncias, muitos cedem por não aguentarem as provocações e seus próprios desejos que se avolumam e os impelem a brincar.
Semelhantemente o mesmo se dá com a vida e o crescimento espiritual. Quando você olha ao redor, e vê que a onda é diferente, que ninguém se dedica tanto quanto você; e começa então a ouvir que você vai ficar doido de tanto ler, e que você está molestando a Deus com suas orações (…). Nessas horas, nossa perseverança é provada e nosso crescimento está em jogo. É por isso que dizemos que crescer dói, mas saiba, é exatamente por isto que Deus tem procurado criar nos seus filhos uma consciência livre de influências escravizantes e dominadoras. Precisamos nos mover pela própria orientação do Espírito em nós. Quando assim se der, ainda que estejamos na contramão das estradas convencionais, seguiremos em frente. Se precisarmos quebrar uma onda que somente segue numa direção, e sobre a qual todos estão surfando, assim faremos.
Aquele que decidir trilhar o caminho do crescimento espiritual, deverá estar atento, praticar o autoexame sempre. Chamo esse processo de praticar a consciência em Deus. Trata-se de uma vivência que poderá torná-lo um pouco introspectivo (observador de si mesmo). Porém, o relacionamento com o meio é inevitável e Deus o sabe. O que realmente importa é dialogar, trocar estímulos e compartilhar ideias, sem deixar que as influências negativas destas relações o atinjam e o contaminem. Você deve preservar seus princípios, decisões e objetivos, afinal, como mencionei, cada um é responsável pelo seu próprio crescimento. Se você está no início de sua jornada cristã, ou se somente agora, decidiu-se por crescer espiritualmente, deixo aqui meu incentivo, e siga em frente, neste caminho, cuja vitória está na nossa perseverança.
Celso Melo
Ipatinga / MG
Deixe um comentário