E quando não oramos?

Tempo de leitura: 4 min

Escrito por Celso Melo


Será que Deus depende imprescindivelmente das nossas orações pessoais para nos abençoar? Será que existe uma relação exata entre nível de oração e intensidade de proteção, bençãos e livramentos recebidos?

A resposta a essas indagações está na ponta da língua de  muitos cristãos. Sem hesitação, muitos não teriam esperado nem a completa formulação da questão.

Quem pensa que Deus sempre e somente nos abençoa na medida que nossas orações chegam até os céus, quando acorda de manhã e não ora, quer por estar atrasado para o trabalho, ida à escola ou qualquer outra razão, passará o seu dia preocupado, temeroso e orando nervosamente a Deus em seus pensamentos, receando estar descoberto da proteção divina. Trata-se de um estado de “santo temor-terror”.

Quem atentar para a correspondência entre o orar e o receber de Deus notará que ninguém de fato ora o tanto que deveria orar, afinal as bençãos do Senhor não são diretamente proporcionais ao nosso quantitativo de oração. Crer assim é bom e faz-nos vislumbrar o caminho da graça e misericórdia de Deus.

Agora, se a minha mentalidade é daquele tipo que age e vive decretando, determinando e “tentando ensinar a Deus como ser Deus”, certamente terei dificuldades para crer que mesmo sem ter orado formalmente em um dia, Deus não deixará de estar presente em minha vida, e consequentemente me abençoará apesar dos pesares. Devemos lembrar-nos sempre: “Se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo” (2Tm 2.13).

A ação de Deus a nosso favor não é limitada pelas nossas orações individuais até mesmo porque o Espírito Santo atua nos membros do corpo de Cristo, levando-os a interceder uns pelos outros. Partindo do princípio da necessidade suprema da oração, teríamos que considerar não a oração individual que cada um faz por si próprio, afinal existe um mover de clamor que o Espírito faz na igreja. Deus está atento a ele, afinal tudo nasce dEle.

Se você pensa que isso não é suficiente, pense no filho de Deus que está assentando à direita de Deus, cuja presença é uma intercessão viva a nosso favor. Hebreus 7.25 diz: “Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles”.

Quem pensa que Deus sempre e somente nos abençoa na medida que nossas orações chegam até os céus, além de ficar temeroso quando não ora, quando ora tem dificuldade para orar a oração que exercita a simples e pura comunhão com Deus. Para os tais, a oração sempre tem que ter metas, intercessões fortes, clamores definidos, pedidos pessoais expressos a Deus de forma detalhada, afinal “estou orando e creio que Deus vai me abençoar conforme minha oração”. Com essa visão, o foco da soberania de Deus é perdida, e sua graça, quando crida, é algo que por ela se procura inconscientemente merecer… fazer por onde…

Minha oração pelo corpo de Cristo é que cada membro desse corpo creia que não se deve estribar na sua cobertura de oração. Eu prefiro estar na cobertura das asas do onipotente. O que recebo de Deus não é conforme minha cobertura de oração, mas sim, conforme o derramar do amor que existe quando se está debaixo da cobertura destas asas.  “Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” (Rm 8.32). É o seu amor que o leva a dar. E é a graça que Ele me deu de crer nesse amor (não no poder da minha oração) que me leva a receber.

Na carta de Paulo aos efésios constam duas orações que o apóstolo fez. São orações corroboradas pelo Espírito que se moveu no apóstolo, e suas palavras de intercessão alcançam a todos os crentes. São palavras de intercessão que o próprio Deus intenciona responder. Ele orou:

“Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai, de quem toma o nome toda família, tanto no céu como sobre a terra, para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior; e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus. Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém!” (Ef 3.14-21).

Essa maravilhosa oração termina com uma doxologia que encerra uma verdade igualmente maravilhosa: Deus é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos… Assim, vemos claramente que o que recebemos não pode ser equacionado ao que oramos. Deus é maior, e sua graça não é alimentada pelo combustível de nossas orações. Graça é graça. Não há como pagá-la, nem mesmo se comportar de forma a justificá-la. A única coisa que devemos fazer sempre é ser gratos. Se de um lado Ele nos derrama sua graça; nós devemos, por outro, sempre dar-lhe graças, pois Deus se agrada da gratidão.

Celso Melo
Ipatinga / MG

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