Quem já estudou heresiologia sabe que heresia não se trata de uma doutrina não cristã. Com efeito, ela é um desvirtuamento das verdades bíblicas. Uma espécie de mistura enganosa. Exemplo: Paulo escreveu aos coríntios: “O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará; porque em parte conhecemos e em parte profetizamos. Quando porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte será aniquilado” (1Co 13.8-10). Se você, ao ler este texto, disser que as línguas – o fenômeno pentecostal de Atos 2 – não é uma promessa para o nosso tempo, simplesmente porque hoje temos a Bíblia, e ela sim, era “o que é perfeito que haveria de vir”, se você fizer isto, o seu raciocínio parecerá coerente, mas você estará completamente equivocado.
Uma área na qual temos visto muitas heresias é a escatologia. As correntes de interpretação são muitas, mas por ora não irei nem mencioná-las. Mas aqui cabe uma observação: A heresia não emite uma opinião. Ela afirma o que pensa ser uma certeza. Você pode opinar sobre um assunto não totalmente claro nas escrituras. Mas é preciso saber que, embora você possa se basear em trechos bíblicos, ainda assim, sua opinião pode não passar de uma opinião. Você pode ter fechado seu raciocínio em versos coerentes em si mesmos, mas que não contemplam a totalidade da revelação das escrituras. Portanto, meu conselho é: Se você tem uma opinião, não trate quem pense diferente como um herege. Respeite-o. Pratique o amor cristão e aprenda a conviver com as diferenças. Se você acha que está certo, e seu irmão errado, Rm 14.1 também é aplicável nesses casos: “Acolhei ao que é débil na fé, não porém, para discutir opiniões”.
Minha indignação maior é contra muitos que fazem do arrebatamento uma bandeira e uma arma de discussão. Ele é um tema escatológico bem controverso, quando se trata de situá-lo no tempo em relação a outros eventos, como por exemplo, a tribulação que há de vir. Tenho visto muitas discussões na internet sobre ele. Já vi, por exemplo, pessoas que creem no arrebatamento antes da tribulação, sendo consideradas hereges por pessoas que creem no contrário, ou seja, no arrebatamento como sendo um evento a acontecer, por exemplo, no momento da sétima trombeta de apocalipse. Dia desses, li um comentário: “Quero ver a cara destes pré-tribulacionistas quando a tribulação começar e eles perceberem que não foram arrebatados”. Eu li e pensei: Esta garota ainda não entendeu o espírito do evangelho. Certamente nunca se edificou lendo Lc 9.54-55.
É óbvio que há interpretações escatológicas totalmente descabidas, como a de um grupo que afirma que as 70 semanas de Daniel 9 já se cumpriram. Este é apenas um exemplo dentre muitos. Conhece alguém com este posicionamento? Meu conselho permanece. Respeite-o. Pratique o amor cristão e aprenda a conviver com as diferenças. Creio que todos estamos desejosos pela vinda do Senhor e devemos levar uma vida de comunhão com Ele e com os irmãos. Isto sim – é o mais importante. Não estou dizendo que não devemos pregar e ensinar o que cremos. Creio que haverá momentos para isso, todavia ainda sim, tudo deve ser feito debaixo do amor cristão, sabendo nós que quem convence e nos ensina é o Espírito do Senhor.
Celso Melo
Ipatinga / MG
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