De todas as promessas de Jesus, a que mais tem atraindo o indivíduo em crise existencial, a alma em angústia, tem sido a troca de fardo e jugo: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” (Mt 11.28-30). Essa não é uma promessa simplesmente para o céu, mas para o aqui e agora.
A razão do fascínio dessa promessa é a paz que dela resulta. Sem Jesus, todo ser humano está debaixo de um jugo que o oprime, e que também o faz levar uma carga que excede suas forças… Junto a esse convite de alívio de Jesus está a profecia de Isaías 10.27 que se cumpriu perfeitamente pela obra de Jesus: “E, acontecerá naquele dia, que a sua carga será tirada do teu ombro, e o seu jugo do teu pescoço; e o jugo será despedaçado por causa da unção”. Aqueles que tem conhecimento ou viveram uma vida tipicamente rural sabem como é a situação de um animal preso a outro pelo jugo a fim de ararem a terra. É doloroso, cansativo e difícil, pois tolhe completamente a liberdade…
Jesus viveu vitoriosamente, desfez as obras do inimigo, tomou sobre si nossos pecados; e por fim, foi exaltado sobremaneira por Deus Pai, quando o ressuscitou dos mortos na manhã do terceiro dia. Pronto! Estava inaugurada a era da libertação. O dia finalmente havia chegado! A unção do Cristo vitorioso haveria de ser derramada e o jugo de Satanás despedaçado das vidas que, pela fé, seriam transportados do império das trevas para o reino da luz (Cl 1.13).
Em cima da questão da liberdade está uma percepção que engana todos que se afastam da cruz de Cristo. Pensam os tais que em Jesus se perde a liberdade do ser – o que é um paradoxo – pois liberdade ganha-se nEle. Quando Jesus encontra o pecador, despedaça dele o jugo (sua submissão à vontade de Satanás); e tira a carga de seus ombros (todo fardo de pecados, vícios, culpas, preocupações, medos e angústias). Em contrapartida, pede ao mesmo homem, que doravante, leve sobre si o fardo e o jugo dele. Leia com atenção a proposta e convite de Jesus e saiba exatamente isto: Ele tem um jugo e um fardo, mas nos diz “meu jugo é suave, e meu fardo é leve”.
Mas, qual é afinal o jugo de Jesus? Qual é o seu fardo? O jugo é a submissão. Se antes, estávamos em completa submissão ao inimigo, agora tomando sobre nós o jugo de Jesus, estamos a Ele submissos. Aqui se faz a entrega, a rendição da vontade e a renúncia. Se não nos submetermos ao jugo de Jesus, inevitavelmente, seremos de novo, laçados pelo inimigo, como um animal rebelde e fugitivo. Pois bem! E o fardo? Qual é o fardo leve de Jesus? Seu fardo é o carregar da cruz. Ele teve a sua e cada um de nós temos uma que, ainda que seja a “nossa cruz”, é reflexo da natureza do fardo que aceitamos de Cristo. Mas, com Ele, ela sempre será leve. As lutas, perseguições, afrontas e agruras desta vida são inevitáveis. O convite é para que “saiamos a ele, fora do arraial, levando o seu vitupério” (Hb 13.13). Paulo também diz que “os que querem viver piamente em Cristo padecerão perseguições” (2Tm 2.12). Todos nós temos que combater o bom combate da fé, e sofrer as aflições como bom soldado de Cristo.
Ainda que sobre nós esteja o fardo da cruz de Jesus, a saber as implicações de uma vida que não se envergonha do evangelho, há muitos outros fardos que nos oprimem. Cristo quer nos aliviar deles! Quando disse “eu vos aliviarei”, este alívio não se daria simplesmente por despedaçar o jugo maligno em nós, mas também por levar o nosso fardo. Ele faz a troca. Dá-nos o seu que é leve, e nos pede para demos a Ele o nosso que é a razão de estarmos cansados e sobrecarregados. Infelizmente, muitos de nós, insistimos em levar o nosso fardo, que é pesado, e deixarmos o de Cristo, que é leve, no esquecimento. Assim não sofremos as implicações da cruz de Cristo que nos são impostas pelo mundo que jaz no maligno, nos envergonhamos do evangelho, freqüentemente nos tornamos sal insosso, todavia sofremos pelas nossas dores, tristezas, ansiedades e tantos outros tormentos dos quais Cristo quer nos aliviar. Lembro-me do salmista ao dizer: “Bendito seja o Senhor que, dia a dia, leva o nosso fardo! Deus é a nossa salvação” (Sl 68.19 – ARA).
Como você está diante desse convite? A que jugo você está submetido? Que espécie de fardo você está levando? Aceitou a troca que Jesus nos oferece? O nosso antigo jugo, Ele espedaçou na sua vitória lá na cruz, mas o nosso fardo, Ele também quer levar. “Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (1 Pe 5.7). Amém?
Celso Melo
Ipatinga / MG
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