O maior investimento interior que um homem pode fazer é pescar dentro de si o cardume que compõe o seu potencial. Trata-se da pesca das grandes e variadas espécies que fazem somar o grande potencial realizador de sonhos. Lembro-me de uma reportagem que muito me impressionou (…). O programa televisivo apresentava a história de uma mulher que ficou internada em um hospital psiquiátrico durante vários anos. Mas, depois conseguiu sair e realizar dois grandes sonhos: Conseguiu estabelecer um relacionamento afetivo e casar-se. Depois, passou a pôr no papel, vários desenhos, revelando assim um grande potencial criativo digno de admiração. O programa destacava exatamente sua capacidade criativa em contraposição ao seu passado com problemas mentais – o que teoricamente inviabilizaria a atividade criativa de qualquer um.
A vida humana não deveria circular apenas na esfera do ‘trabalho sobrevivência’. Temos que trabalhar, mas perceber que o sentido, o propósito da vida é uma descoberta que pode estar muito além do tipo de trabalho que fazemos simplesmente para nos manter. De fato, o trabalho para a maioria absoluta das pessoas é apenas o seu ganha-pão. Sabemos que muitos gostariam de estar inseridos em um outro contexto, onde pudessem conciliar prazer com trabalho, realização pessoal e realização profissional. O indivíduo que tem no seu emprego apenas o seu ganha-pão, mais dias, menos dias, irá questionar o sentido de seu viver.
Outro exemplo interessante é o do cantor Jorge Aragão. Fizeram uma entrevista com ele no dia do trabalhador, e lhe perguntaram sobre sua vida passada, os locais onde trabalhou, e como veio a se encontrar dentro do universo da música. A vida de uma celebridade quando não era reconhecida como tal sempre é alvo da curiosidade das pessoas. Jorge Aragão disse que mesmo tendo trabalhado em pequenos empregos, arranjava um tempinho dentro de seu próprio ambiente de trabalho para escrever algumas letras de canções. Ele sabia desde cedo o que queria, e reconhecia seu potencial. O mais interessante é que ele disse que o que ele queria mesmo era compor. A questão de cantar e ser famoso não lhe era uma motivação essencial que justificasse sua perseverança em fazer o que gostava. “Eu queria mesmo era compor”, disse, “e acho que essa é uma questão de minha identidade em Deus”. Com esta frase ele simplesmente, de forma fantástica, resumiu a fonte do nosso potencial e propósito: Deus. É nele que nos movemos, respiramos e existimos.
É de extrema importância na vida de todo vencedor a consciência da origem e do dever da prestação de contas do seu potencial. Quanto à origem, declarou Tiago, irmão do Senhor: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança, nem sombra de variação” (Tg 1.17). Escolas, treinamentos, educação, tudo isso apenas ajudam a aflorar e aperfeiçoar o potencial que se tem, mas a origem, força e fonte de todo e qualquer potencial é sempre uma só: O Deus Todo-Potente. Quanto à prestação de contas, a parábola dos 10 talentos é maravilha e bem clara para exemplificar (….). Tive a oportunidade de descobrir um casal que não deixa seus dias circularem em vão. Trabalham, são produtivos, mas exploram o potencial que têm: ambos pintam quadros, e o fazem com uma beleza que impressiona… E aqui está um ponto interessante na arte da pintura que também se nota na poesia, música e demais artes: a criação genuína não se faz de fora pra dentro, mas de dentro pra fora. Aqueles que copiam, recriam ou aperfeiçoam o trabalho de outros estão apenas na etapa amadora do exercício do dom que podem ter. Mas, quem explora o seu dom, o faz buscando inspiração no próprio universo interior de suas almas. O que vi, foram obras que revelaram o que estavam presentes no universo dessas pessoas, e que jamais eu teria conhecido se não fosse a iniciativa que tiveram. E você!? Já integrou o seu potencial ao seu propósito de vida?
Nele,
em quem todo potencial
pode se transformar em propósito de vida
Celso Melo
Deixe um comentário