Primeiramente quero levantar uma questão: Será que a posição interpretativa de alguém quanto ao arrebatamento é condição para que ele seja arrebatado? Imagine a situação de um indivíduo piedoso que sempre seguiu o Senhor e que acreditava em sua vinda junto ao toque da sétima trombeta do Apocalipse. A pergunta é: Se o Senhor arrebatar sua igreja antes dos sete anos de tribulação, você acha que esse servo ficará?
Agora, imaginemos a situação contrária, ou seja, daqueles que creem no arrebatamento antes da tribulação. Pense: Se o cenário do mundo mudar e todos eles notarem que a tribulação começou, você acha que aqueles que estiverem vivos quando a sétima trombeta for tocada, os tais deixarão de ser arrebatados, simplesmente porque esperavam por um arrebatamento anterior?
Os pós-tribulacionistas creem no arrebatamento depois do início da tribulação. Nesse grupo, em especial temos os que creem no arrebatamento junto ao toque da sétima trombeta. Esses, certamente dirão: Mas a certeza de que passaremos “por parte” da tribulação nos deixa preparados para ela. Este raciocínio é tão simplista que quase chega a ser engraçado. Mas o assunto é sério. Se você pensa assim, analise: Até que ponto a informação de que alguém passará por um momento tremendamente difícil o prepara para passá-lo? Que medida de conforto e que habilidade de enfrentamento possuem as pessoas que creem no arrebatamento pós-tribulação? Não vejo nada de significativo no que essas pessoas dizem que possa ser traduzido como medida de preparação e capacitação para a tribulação. Trata-se de um evento ímpar na história da humanidade. Em outras palavras, não há como aprendermos com a história. Nunca houve nada igual.
Não estou dizendo que não haja benefícios em se saber o que ocorrerá na grande tribulação, mas saiba: Não há kit de primeiros socorros para ela. Se eu fosse um pós-tribulacionista, saber que o Anticristo surgirá, saber que não devo aceitar a marca da besta, e saber que muitos morrerão, incluindo com grande possibilidade – eu mesmo – saber dessas coisas, para mim, já seriam o suficiente.
Tenho comigo, uma análise fria da grande tribulação. Não há romances a fazer. Amós diz que será como se um homem fugisse de diante do leão, e se encontrasse com ele o urso ou como se, entrando em uma casa, a sua mão encostasse à parede, e fosse mordido por uma cobra (Amós 5.19). Estar preparado para a grande tribulação é estar preparado pra morrer. Pense bem: Existem salvos espalhados por toda terra. Os efeitos da grande tribulação também alcançarão toda terra. Crer que a igreja do Senhor passará pela grande tribulação e que Deus protegerá milagrosamente cada crente numa espécie de “bolha protetora” é crer numa irrealidade. Não estou pondo em dúvida o poder de Deus. A questão é outra. Não há promessa de uma proteção seletiva pulverizada em toda terra e não há harmonia entre a natureza do que ocorrerá (juízo sobre a terra, natureza e os homens ímpios) e tudo que o Senhor manifesta em sua Palavra em termos de promessas e bênçãos para os fiéis.
Ainda sobre a preparação feita pelos pós-tribulacionistas, se formos à internet, veremos vários deles pregando sobre a necessidade de se ter um corpo saudável e fazer estocagem de alimentos. Outros, já estão se preparando psicologicamente para a morte. Vejo na preparação deste último grupo, muito mais discernimento da realidade. Por isso, reitero: Estar preparado para a grande tribulação é estar preparado para a morte. No mínimo, é estar preparado para grandes sofrimentos.
Quanto aos pré-tribulacionistas, como creem no arrebatamento antes da tribulação, toda preparação deles converge para a comunhão com o Senhor e não pros eventos da tribulação. Esta é a grande diferença que os pós-tribulacionistas ainda não discerniram ou não valorizam. Um pré-tribulacionista procura viver uma vida de santificação, sabendo que o arrebatamento acontecerá sem nenhum prenúncio externo. Um pós-tribulacionista, “se conforta” com a ideia de que não será surpreendido. Se o arrebatamento se der junto ao toque da sétima trombeta; antes disso, obviamente seis trombetas já terão sido tocadas, além dos sete selos – abertos. Vejo claramente que, enquanto pré-tribulacionistas aguardam o arrebatamento, os irmãos que focam na sétima trombeta estão aguardando o tempo da tribulação. Prova disso é que os vejo frequentemente pesquisando sobre quem será o anticristo; o oitavo reino; o que será a marca da besta; quem será o falso profeta, etc. Estão atentos a qualquer acordo de paz no Oriente Médio e na grande marcha do Islã.
Um pré-tribulacionista que conhece claramente as escrituras sabe que a pessoa do Anticristo surgirá antes do arrebatamento. Penso inclusive, que alguns discernirão a presença dele no cenário mundial. Mas este discernimento e revelação virão por vias espirituais, de forma que o foco do pré-tribulacionista continua sendo o Senhor, não o aparecimento do Anticristo. Sua manifestação será amplificada pelo seu reino e ações. Neste tempo, a igreja já não estará aqui.
Celso Melo
Ipatinga / MG
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