Este livro faz referência às famosas teses de Martinho Lutero que em 31 de outubro de 1517 as pregou na igreja de Wittenberg na Alemanha. Contudo, é bom enfatizar, o livro não é uma tradução ou um comentário expositivo das teses de Martinho Lutero. Morris Venden nos traz 95 argumentos que conjuntamente apontam para a realidade da salvação como consequência da fé em Jesus. Portanto, ele estabelece uma ruptura com a moralidade social e com o legalismo que se pauta na observância de qualquer conjunto de doutrinas e costumes de uma ordem religiosa, denominação, etc.
As 95 teses abarcam diversas áreas do viver cristão, como a justificação, o pecado, o arrependimento, conversão, lei, obediência, crescimento, testemunho, tentação e outras mais… O que me encantou no decorrer da leitura foi a forma direta com a qual o autor apresentou suas teses e a construção dos termos e palavras que ele usou. Exemplos: “O cristão faz o que é certo por ser cristão, nunca a fim de sê-lo”. “Pecamos porque somos pecadores. Não somos pecadores porque pecamos”. “Não transformamos nossa vida a fim de ir a Cristo. Vamos a Ele tal como estamos, e Ele transforma nossa vida”. “Só porque você lê a Bíblia e ora não significa que terá um relacionamento com Deus. Mas se não o fizer, você não terá”.
Observe que as teses são constituídas de frases e períodos de fácil compreensão; nada preso a uma erudição indecifrável. Se algum dia você tiver a oportunidade, não deixa de ler este livro. Durante a leitura, ficará evidente a importância do relacionamento com Jesus, em contraposição à primazia que frequentemente damos ao nosso comportamento exterior e público. Morris Vender nos faz entender que cristianismo deveria ser não comportamento em primeiro lugar, mas sim relacionamento. É somente pelo “permanecer em Cristo” (Jo 15) que a obediência vem, a vitória sobre o pecado e as tentações também. Obediência forçada e patrocinada pelo esforço humano separado de Jesus pode conduzir o indivíduo a um moralismo religioso, fazendo com que ele ostente na sua conduta suas justiças próprias. O resultado do moralismo religioso é exatamente este: Justiça própria, e como Isaías escreve – justiça própria são trapos de imundícia (Is 64.6). Em suma, a justificação é se render à justiça de Deus a nosso favor. E isso pela fé. As boas obras poder vir, e certamente virão, mas serão consequência do relacionamento diário do cristão com Deus.
Celso Melo,
Ipatinga/MG
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