O livro é autobiográfico e narra as experiências de prisão do pastor búlgaro Haralan Popov. Ele ficou encarcerado por treze anos em prisões comunistas na Bulgária pouco depois do término da segunda guerra mundial, quando o comunismo se expandia mundo a fora, em especial nos países do leste europeu.
Haralan Popov foi duramente torturado juntamente com vários outros pastores acusados de serem espiões, agindo contra o estado e contra a polícia secreta comunista. Obviamente uma acusação completamente descabida. Quem conhece a Bíblia e a ideologia comunista sabe que a simples exposição das verdades do Evangelho é uma afronta total e golpe radical contra o pensamento ateísta comunista. Esse regime não suporta Deus. Não suporta a liberdade. Não suporta a diversidade de pensamentos. Enfim, é um regime diabólico de controle que visa escravizar os homens e cegar as consciências.
Os sofrimentos desse homem quase o levaram à beira da demência e loucura. Ele foi tratado à míngua em celas com condições completamente desumanas. Foi espancado várias vezes. Frequentemente obrigado a permanecer em pé por horas e horas durante infindáveis interrogatórios; e impedido de dormir durante muitas noites. Enfim, Haralan Popov experimentou literalmente o que é parecer por amor a Cristo. Como ele conseguiu sobreviver durante todo esse tempo? Somente acreditando na intervenção e propósito de Deus, compreenderemos. O autor narra que certa vez, de forma sobrenatural, ele sentiu como se o seu corpo tivesse transformado numa espécie de muro de aço em face aos duros golpes que recebia: muros, socos, pontapés. Nessa experiência, durante vários minutos, não sentiu qualquer dor.
Foi considerado como intratável por não “se converter” ao comunismo pela tentativa de lavagem cerebral a qual foi submetido. Passou por várias cidades, várias cadeias e chegou a ficar trinta e cinco dias numa solitária em completa escuridão. Foi nesse ambiente que teve uma das experiências que mais marcou sua vida: viu romper na escuridão um imenso clarão e soube imediatamente que Jesus estava ali. O senhor o abraçou e ele pôde sentir-se aninhado em seus braços.
Haralan foi solto depois dos treze anos de sofrimento e partiu definitivamente para os braços do Senhor muitos anos depois. Creio que em 1988, ano em que morreu, ele foi recebido com festa no céu, afinal naquele momento, estava entrando ali um homem que, à semelhança de Paulo, carregou as marcas de Cristo enquanto viveu. Ao ler esse livro, me veio a firme convicção de que o evento do tribunal de Cristo e seus galardões será marcado de forma brilhante para aqueles que, nessa terra, sofreram por amor a Cristo e viveram pela causa do Evangelho. Ter um discurso religioso pode ser fácil. Mas, viver e encarnar o que se prega, experimentando muitas vezes, a linguagem do sofrimento, é outra história.
Celso Melo
Ipatinga / MG
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