Egoico! Essa não é uma palavra que você encontrará no vocabulário ortográfico da língua portuguesa (VOLP). Não até agora – em 2022 – quando escrevo. Com efeito, não deveria existir mesmo era no meio cristão no qual a natureza de Cristo deveria ser a busca diária. Este é um texto que estava na forma do meu coração há tempos. Juliano Son com sua conhecida pregação/louvor “Pra que outros possam viver”, poderia facilmente assinar a coautoria dele.
Trazida do mundo da psicologia, o conceito de egoico, faz referência à Freud ao estudar as instâncias psíquicas no que chamou de Id, Ego e Superego. O ego seria a razão que exerce o árbitro entre os impulsos do prazer e a consciência moral do indivíduo. Noutras palavras, um pacificador entre os extremos – Id e Superego.
Mas, a grande questão é que o ego é tratado como o núcleo da personalidade, de forma que quando o ego de alguém é atingido – normalmente a pessoa encara isso como a anulação do próprio ser.
No meio evangélico, a menos que a mensagem da cruz seja introjetada perfeitamente nos corações, veremos o culto ao ego e discursos egoicos sempre. Para tais crentes, o velho homem não passa de doutrina sem fundamento. Nunca fica velho, ao contrário, ocorre o efeito do curioso caso de Benjamin Button… Lembram do filme? Pois, é isso que acontece com crentes egoicos. Quanto mais o tempo passa, mais “novo” o velho homem fica.
Seguem algumas frases amadas por crentes egoicos as quais ouvimos no dia a dia. Preste atenção e veja se no trabalho, nas escolas, em casa, nos momentos de lazer ou mesmo em ambientes de igreja, você nunca as escutou:
“Sou crente, mas não tenho sangue de barata. Bateu, levou.”
“Sou crente, mas não sou bobo. Ninguém me passa a perna. Pra cima de mim, não.”
“Não é porque sou crente que sou obrigado a aguentar desaforo. Não me humilho pra sô ninguém.”
“Não faço qualquer serviço! Deus me chamou para ser cabeça; não cauda.”
“Se quiser que eu faço… tem que me pagar; não aceito fazer nada de graça. Nem relógio trabalha de graça.”
“Não aceito ser tapete de ninguém. Me ofendeu, eu processo.”
“Eu até posso perdoar, mas se cair no mesmo erro… sem chance.”
“Não trabalho sem ser reconhecido. Se não me valorizarem, tô fora.”
“Não tenho vergonha de dizer: sou crente, mas minha vida vem em primeiro lugar, afinal se eu não me amar, quem vai me amar?!”
“Deus não muda o jeito de ninguém. Sou mesmo assim. Por isso, não pisem no meu calo, senão vão levar…”
Trouxe apenas essas dez falas. Sei que a lista é infinda e você mesmo – que agora me lê – já deve ter ouvido essas e várias outras, correto? Bom, espero que não, pelos seus lábios (rs). Sei que alguns devem pensar que eu estou advogando contra a autoestima do cristão. Muito pelo contrário! A autoestima é algo legítimo e está alicerçada do mandamento de amar o próximo como a nós mesmos. Sugiro que leia o texto que escrevi: A autoestima na vida do cristão. Nele, abordo o tema de forma simples e clara. A questão aqui é outra; e envolve deixar a natureza do Amor de Cristo reinar em nós. Aqui estão alguns versos maravilhosos:
“Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Marcos 10:45).
“Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros” (Fl 2.3-4).
“Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gálatas 2.20).
“E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lucas 9.23).
Em se tratando de dar frutos, a consequência imediata quando o ego fala mais alto e domina a natureza do crente, é a infrutuosidade. O crente egoico, se não se deixar corrigir, passará a sua vida sendo um crente carnal. É óbvio que haverá momentos em que confrontaremos as pessoas em amor. Paulo fez isso com Pedro. Jesus fez isso com os fariseus muitas vezes. Elias com os sacerdotes de Baal; e a lista continua… Mas, vejam que nenhum dos protagonistas desses exemplos, agiram na “força do braço”. Todos foram movidos pelo Espírito de Deus, afinal “…não é por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o SENHOR dos Exércitos” (Zacarias 4.6). Crentes egoicos precisam entender que “a ira do homem não opera a justiça de Deus” (Tiago 1:20). Portanto não adianta a mim nem a você, ficarmos “nervosinhos” com uma situação ou pessoa. Toda ação que fizermos tem que ser decorrente da instrução daquele que advoga a nossa causa – Jesus Cristo, o Justo (1Jo 2.1).
Celso Melo
Ipatinga / MG
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