Dentre os elementos de comparação que a Bíblia usa para entendermos o homem – a árvore é um dos principais. O livro dos Salmos, por exemplo, apresenta esta realidade muito bem. Logo no seu início, no salmo primeiro, o salmista afirma que aquele que medita na lei do Senhor pode ser comparado a uma árvore plantada junto a ribeiros de águas, que no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele fizer será bem-sucedido (Sl 1.3). A própria nação de Israel é comparada nas escrituras com árvores como oliveira, videira e figueira. Um dos motivos dessa comparação está nos frutos. Assim como árvores crescem e dão frutos, segundo sua natureza e espécie, a vida do cristão também deve ser frutífera.
O fruto é a prova da raiz. Ele externa aquilo que é interno, tornando possível avaliar a qualidade daquilo que não se vê facilmente. Todo cristão deve dar frutos. É estranho pensar em alguém que se diz cristão, mas que não está nem um pouquinho interessado em refletir sobre seu comportamento pessoal e ações realizadas na vida. Paulo disse que nós somos o bom cheiro de Cristo (1co 2.14-16), e como tal, devemos manifestá-lo ao mundo. Esse bom cheiro é o nosso fruto em evidência, ainda que, para alguns, seja repugnante e odioso.
A pergunta que dentro de mim nunca quis se calar é: será que devemos dar frutos, simplesmente, dentro das quatro paredes de nossas igrejas? Ora, é fácil ser ovelha no meio de muitas outras ovelhas! Cristo nos desafia a sermos ovelhas no meio de lobos; e isso só se torna possível se não tivermos vergonha de sermos ovelhas. Infelizmente, nem todos podem dizer como Paulo: “Pois não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê…” (Rm1.16). Os tais deveriam meditar atentamente nas palavras de Jesus: “Qualquer que de mim e das minhas palavras se envergonhar, dele se envergonhará o filho do homem, quando vier na sua glória, e na do Pai e dos santos anjos” (Lc 9.26).
Mas afinal, onde devemos dar frutos? Bem, certamente devemos dar frutos onde Deus nos plantar… Cada um de nós temos sido plantados pelo Senhor nos mais variados lugares: o local onde moramos, nosso local de trabalho, escola, etc. O local é na verdade onde estivermos, como por exemplo, numa fila de ônibus. “Eu vos nomeei para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça…” (Jo 15:16).
Marratma Gandhi disse palavras tão sérias sobre o mau testemunho dos cristãos da época em que viveu, que até hoje são lembradas. Ele disse: “Eu me tornaria cristão, se não fosse pelos cristãos”. Em outras palavras: “Eu aceito o vosso Cristo; não o nosso cristianismo”. Minha oração é que o Senhor me livre de ser um obstáculo a impedir pessoas de desejar conhecê-lo. Ao contrário disso, devemos produzir sede nas pessoas. Somente assim, o evangelho desprende do discurso religioso e se transforma em caráter e conteúdo de vida.
E quanto à pergunta do que fazer para ter uma vida frutífera, a resposta e o princípio continuam os mesmos. Não há segredo, precisamos estar ligados na videira: “Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (João 15.4-5).
Celso Melo
Ipatinga / MG
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