Se você é um daqueles que assim como eu, tão logo abraçou a fé, já quis sair pregando por onde passasse, principalmente nas igrejas em que visitava, este texto pode lhe ajudar, sobretudo a você, jovem pregador! Eu o escrevi com vistas ao bom desempenho da prática da pregação, principalmente daquelas que acontecem com aspectos formais, como em púlpitos, seminários e eventos correlatos. Antes de tudo, se faz necessário a plena consciência do chamado pessoal, o que trará autoconfiança e plena convicção de que aconteça o que acontecer, independente da qualidade técnica do sermão, você não sairá envergonhado. Quando Deus chama, ele honra e capacita.
Todavia, o chamado de Deus requer do homem e da mulher preparo, zelo e aperfeiçoamento constantes. Tudo isto se faz, realizando as seguintes atividades:
Orando sempre para que nunca falte a unção que energiza o sermão.
Meditando frequentemente na Palavra de Deus para que se tenha narrativas e argumentos bíblicos para expressar.
Escrevendo (comentários pessoais da Palavra, revelações recebidas, esboços, etc.). A importância da escrita para um homem de Deus é indiscutível pelo simples fato de que se ele não registrar o que Deus lhe revela e ensina, algumas destas revelações e ensinamentos podem ser esquecidos.
Informando-se sobre o que Deus tem feito na história. É preciso adquirir conhecimentos atualizados do cumprimento da Bíblia no mundo, saber o que está acontecendo no país em que você vive, e bem perto de você. O motivo é para que não te chamem de alienado, um ser cujas mensagens não tem contexto ou aplicação.
Se você traz consigo a experiência do seu chamado e vive na prática dessas atividades, sua confiança inevitavelmente será maior, pois se sentirá autorizado e divinamente capacitado por Deus; e é assim que se obtém uma total eficiência na pregação.
Ao ser convidado para pregar antecipadamente, você deve orar ao Senhor pedindo orientação sobre o que falar. Estando em um ambiente, mesmo quando não estiver agendado para pregar, aja com a postura de quem está preparado. Se você for convidado para pregar inesperadamente, deve oferecer sempre segundo sua capacidade do momento, devendo reconhecer isto em humildade. Se tentar oferecer além do que sente em termos de capacidade, inspiração e unção, poderá cair no embaraço e na decepção. Mas, se reconhecer suas limitações, o Senhor poderá lhe surpreender fazendo de sua pregação uma peripécia.
O Pr. Gary Haynes narra em seu livro “O segredo para o sucesso” uma experiência que teve acerca do valor da humildade e da necessidade de atribuir a Deus todo o sucesso que tivermos. Ele relata que certa vez, depois de ter sido tremendamente bem sucedido numa pregação que fez, escutou um vozinha em sua mente que lhe dizia: “Viu como você pregou hoje? Você é bom demais na pregação da Palavra! Você aprendeu mesmo a ministrar com grande habilidade! Gary se deixou seduzir por aquela vozinha e saiu bastante confiante para ministrar em outro lugar, entretanto para sua surpresa, desta vez não teve grande êxito e começou então a entristecer-se. Quando assim fazia, imediatamente sentiu o Espírito Santo lhe dizendo: “Viu o jeito como você pregou hoje? Isto é você! Naquela outra noite, era eu quem estava operando”.
Nunca deveríamos confiar em nós mesmos para sermos bem sucedidos na prática da pregação, nem em qualquer outra incumbência que Deus nos der, pois a nossa capacidade vem do Senhor, como disse Paulo: “Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus” (2 Co3.5).
Quero enfatizar a importância de escrever, conforme já mencionei. Todo pregador recebe continuamente mensagens de Deus; isto é fruto do seu espírito observador que está em estreita comunhão com o Espírito do Senhor. Consequentemente, ele pode estar sempre elaborando esboços a fim de condensar e organizar seu fluxo de inspiração, ou seja, suas próprias mensagens. Aconselho que você aja assim. Quando for convidado para pregar, o Espírito pode levá-lo a uma pregação já esboçada ou lhe dar uma outra mensagem.
A experiência tem demonstrado que a explanação perfeita e bem sucedida de uma mensagem da Palavra de Deus exige a organização das idéias a transmitir; daí a necessidade de se esboçar um sermão. Porém, este se torna ineficaz quando a força que o motiva for a insegurança quanto ao que falar. Nestes casos, as mensagens raramente se encaixam com os propósitos de Deus para o momento. Para evitar esta situação é preciso ter comunhão com o Senhor, e receber suas mensagens pela oração e como resultado da pura e simples meditação na Palavra. Transmitir um sermão é importante, todavia mais importante é você transmitir a mensagem específica que Deus quer no momento, no lugar e diante das pessoas que estiverem a lhe ouvir. Para isso, é necessário ter bastante afinidade com o Espírito Santo.
A VISUALIZAÇÃO DE UMA MENSAGEM
Todas as aplicações de uma mensagem devem ser convergidas para o texto bíblico lido. As surpresas podem ocorrer, mas estarão a cargo do Espírito Santo, não devendo, o pregador se preocupar com elas. Uma mensagem completa deve ser recheada de ilustrações e experiências, e aqui estão dois simples conselhos:
Se o texto lido relatar algo que possa ser visualizado pela imaginação (acontecimento, parábola, etc); esse, por si só já é a experiência central. Depois de ser lido, o texto deve ser narrado, passando aos comentários e aplicações que ele sugere; logicamente, outras experiências poderão vir no decorrer do sermão.
Se o texto não tiver a natureza do primeiro, mas for meramente um texto doutrinário que expresse algo para edificação, exortação ou consolo, nesses casos, deve-se inserir na mensagem ilustrações (comparações, exemplos, etc) e/ou experiências que sirvam para clarear e enfatizar os pontos que estão sendo ressaltados na mensagem do texto.
PREGAÇÃO E PREPARAÇÃO
A preparação para a obra de Deus deve começar a partir da consciência do chamado. Sabemos que antes da obra em si, ou seja, antes que a obra de Deus seja plena e definitiva na vida de alguém, tal indivíduo recebe vários sinais que visam a formar esta consciência do chamado. Na medida em que esta consciência for se formando, a pessoa deve se preparar para a natureza da obra que Deus quer.
Alguns, por exemplo, começam a desenvolver habilidades relacionais desde cedo; outros estão sempre lendo a Palavra, e falando dela para tantos quantos encontram pelo caminho; outros praticam continuamente atitudes de solidariedade; outros ainda, cantam, cuidam da voz, aprendem novos idiomas, e a lista de atos preparativos continua…
Em relação ao pregador, a preparação deve ser feita mantendo a comunhão com o Senhor, meditando na Palavra, lendo livros, escrevendo e se informando sobre o mundo, conforme já mencionei. Essas são atitudes básicas de preparação. Todavia, a pregação deve ser “o derramar de uma vida”, e não conseqüência de uma preparação. Quando prega, o pregador deve dar de si ao povo, e não simplesmente verbalizar conhecimentos e opiniões. Quando digo que ele deve dar de si ao povo, refiro-me ao fato de que ele não deve pregar nada que não tenha a ver com ele. Portanto, ele deve mesclar a mensagem com sua vida e suas experiências com Deus. Quando o pregador não leva uma vida com Deus, e não vive uma vida de preparação (vida devocional), todos notam a diferença, pois o pregador é a mensagem. Quanto a você, jovem pregador: Faça isto. Amém!
Celso Melo
Ipatinga / MG
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