Nossa armadura espiritual

Tempo de leitura: 4 min

Escrito por Celso Melo

E ele tinha na sua destra sete estrelas;
e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios” (Ap 1.16).

A caminhada cristã se faz no meio de um campo de batalha. Quando o povo de Israel saiu do Egito, o fez no meio de grande perseguição, passou pelo mar vermelho com Faraó atrás, e pouco tempo depois os israelitas tiveram de enfrentar os amalequitas. Assim foi, e assim é hoje. Deus tem sua milícia, a igreja faz parte dela, é militante, e todo aquele que a ela se junta, é inserido em um contexto da guerra espiritual, e Deus faz dele um soldado. Não há civis; não há opção pela neutralidade.

Se você já assumiu a postura de um soldado, deve se conscientizar de que como todo soldado, você também tem uma armadura de combate. Paulo a descreve nos seguintes termos: “Estai pois firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça; E calçados os pés na preparação do evangelho da paz; tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno. Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus”  (Ef 6.14-17). Desta relação maravilhosa, cada parte da armadura é essencial.

Entretanto, a espada compreende a mais importante, pois sinaliza diretamente para a palavra de Deus. Além do que – para a Palavra – se converge cada ferramenta de nossa armadura. Exemplos: O capacete é tido como “capacete da salvação”. A ligação que o apóstolo fez entre a salvação e o capacete é de providencial inspiração divina, pois a salvação nem se prova nem se valida a nível emocional, mas nela o entendimento é capturado pela fé que crê sem hesitação, e que por fim, faz gerar consciência naquele que crê. Esta certeza se enraíza na Palavra e Paulo a tem como armadura de guerra.

Os lombos devem ser cingidos com a verdade, e a verdade é a Palavra de Deus, bem como o verbo vivo de Deus, também chamado de ‘A Palavra de Deus’ (Ap 19.13). Para o peito, temos a couraça da justiça. A nossa justiça se baseia na revelação das escrituras que nos dá a garantia de que Nele fomos feitos justiça de Deus (2Co 5.21). Numa ótica meramente humana, justo é quem faz obras de justiça. Contrapondo à ótica dos homens, e para desespero deles, justo é todo aquele que crer na obra feita por Jesus, afinal, é bom sempre enfatizar, “as nossas justiças são como trapos de imundícia” (Is 64.6).

A pregação do evangelho da paz é a própria essência da Palavra. Pregar o evangelho é pregar a Palavra. Não se trata de subir em um púlpito e fazer dele um palanque eleitoral ou um divã psicanalítico no qual as confissões e narrativas de vida constituem a razão de se estar ali. Quem não prega a Palavra, pregará filosofia humana, psicologia do sucesso, sociologia, justiça social, etc. Tudo isso tem seus contextos aplicáveis, mas nada  disso é evangelho.

Mas, onde se encontra esta arma tão poderosa, a saber, a espada do Espírito? A maioria costuma ter a resposta errada na ponta da língua. Explico: No princípio de minha caminhada de fé, se alguém não trazia sua bíblia para os cultos, sempre encontrava um outro que lhe dizia: “Você está despreparado. O soldado deve estar sempre armado com a sua espada”. O tempo passou, mas ainda tem muitos que associam a espada à mão, aplicando assim uma interpretação literal do sentido, sem atentar para a revelação do Espírito. Associar a espada à Palavra é certo. O próprio texto diz para tomarmos “a espada do Espírito, que é a palavra de Deus”. Mas, associá-la à mão, pode parecer um raciocínio simplista e medieval. Mas, afinal, onde ela deve estar?

Se você já indagou a si mesmo, procurando uma resposta, a fim de apossar-se completamente da armadura de um legítimo soldado de Cristo, deve observar o próprio Cristo, pois ele tem a resposta para nos dar, através de uma visão concedida a João, o discípulo amado. João estava exilado na ilha de Patmos, e em uma visão ele viu o senhor. Com estas palavras, ele o descreve: “Virei-me para ver quem falava comigo. E, virando-me, vi sete castiçais de ouro; E no meio dos sete castiçais um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de uma roupa comprida, e cingido pelo peito com um cinto de ouro. e a sua cabeça e cabelos eram brancos como a lã branca, como a neve, e os seus olhos como chama de fogo; e os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas. E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios” (Ap 1.12-16).  A espada, portanto, deve estar na boca do cristão. É certo que carregar uma bíblia para os cultos é aconselhável e não faz mal a ninguém, mas se a Palavra não estiver em nossa boca, não haverá proveito nenhum.

Por fim, Paulo encerra dizendo no verso 18 (Ef 6.18): “Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos”.  Ele apresenta a oração como  necessidade básica e vital para que tudo aquilo que ele mencionou anteriormente seja realidade e tenha funcionalidade na nossa vida espiritual. A Oração é fundamental para se ganhar destreza e tornar o soldado apto e com saúde para usar bem a sua armadura espiritual. Imagine um soldado vestido com a armadura descrita: Capacete, couraça, escudo, espada, etc. Embora bem vestido, se ele não estiver saudável, não conseguirá nem mesmo caminhar. Não terá destreza, habilidade na batalha. Na nossa caminhada espiritual a oração é responsável por dar destreza, habilidade e saúde ao nosso homem interior para o combate, e uso das armas que temos em especial a espada do Espírito, a Palavra de Deus. Além disto, a oração deve sempre ser acompanhada da atitude de perseverança e vigilância para não sermos surpreendidos pelo inimigo. Somente assim, as armas da nossa milícia serão poderosas em Deus para destruição das fortalezas malignas (2 Co 10.4).

Celso Melo
Ipatinga / MG

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