Quem já leu atentamente as escrituras, dando atenção especial aos números contidos nela, certamente ficou impressionado com certos padrões, a saber, números iguais que apontam para realidades equivalentes. Este padrão tem sido suficiente para deduzirmos significados de realidade temporal, eterna e profética. Um exemplo bem simples seria dizer que seis é o número do homem; e sete, o número da perfeição divina.
O estudo dos números ao longo da Bíblia deve fazer qualquer um acreditar que Deus não tem lançado dados ao longo da história. Olhemos, por exemplo, para a principal profecia escatológica das escrituras: As setenta semanas de Daniel 9. Quando Ele determinou que a expiação do povo judeu (verso 24) somente se daria depois de setenta setes, ou seja, setenta semanas de anos, Ele não determinou que fosse assim à toa. Não poderia ser sessenta e nove semanas, nem setenta e uma. A terra precisava descansar dos seus sábados (Os judeus não atentaram para o ano sabático – Ler 2Cr 36.21). Portanto a profecia das setenta semanas, além de representar 490 anos literais, possuía o caráter simbólico, pois apontava para os setenta anos do cativeiro babilônico que teve como razão o pecado do povo e seus reis, em especial a questão do ano sabático.
Achei apropriado citar o número setenta, porque acredito que ele é um dos mais representativos nas escrituras. Ele nos fala do tempo de expiação. Representa um ciclo perfeito. Uma medida completa para o tempo de expiação e juízo também. Pensando nesses significados que acabo de trazer, lembro-me de Lameque que disse que seu pecado seria vingado “setenta vezes sete” (Gn 4.24). Mais surpreendente ainda são as palavras de Jesus sobre até quando devemos perdoar o pecado de um irmão. “Jesus lhe disse: Não te digo que até sete, mas até setenta vezes sete” (Mt 18:22). Veja que essas duas passagens contêm a expressão setenta vezes sete, e nos remete para as setenta semanas de Daniel 9 (setenta vezes sete). Em todos esses casos, a tônica é a mesma: Tempo suficiente e satisfatório para expiar a iniquidade.
Partindo do exemplo acima, creio que é razoável admitirmos que nosso Deus é um Deus de tempos determinados. Correto? Portanto, devemos crer que os números na Bíblia não estão lá de qualquer forma. Com isto estou dizendo que, em muitos casos, temos realidades proféticas sendo representadas por trás de muitos números. Não todos, obviamente. Exemplo: Não vejo representação profética em “cinco pães e dois peixinhos”.
Atentar para a representatividade de muitos números na Bíblia somente é possível porque, de fato, Deus é um deus de tempos determinados. Em Atos 1.7 Jesus disse aos seus discípulos que seu Pai estabeleceu tempos e épocas pelo seu próprio poder. Portanto, nada se dará fora do seu calendário profético. Até o dia do juízo final está determinado por Ele. Disse Paulo: “Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do varão que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dos mortos” (Atos 17.31).
E quanto ao arrebatamento? Eu creio que o arrebatamento da igreja nunca foi um evento aleatório… Muitos pensavam que ele poderia ter ocorrido a qualquer momento, inclusive na época de vida do apóstolo Paulo (Leia as cartas aos tessalonicenses, em especial 2Ts 2). Todavia, através do estudo de alguns números nas escrituras, pode-se perceber que esse evento sempre esteve predeterminado pelo Senhor para que venha ocorrer no seu devido tempo; e este tempo tem a ver com o período que Ele determinou para que a igreja existisse nesta terra, afinal é ela que será arrebatada. Mas isso, é tempo para outro momento. Amém!
Celso Melo
Ipatinga / MG
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