Quando Deus fez o homem, Ele tinha um propósito para ele que transcenderia sua vida na terra, indo de encontro à eternidade. Bem nos disse Salomão: “Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até o fim” (Ec 3.11). Precisamos discernir que somente a eternidade será capaz de nos fazer ver a obra de Deus desde o principio até a sua consumação – o que se dará na própria eternidade.
Penso que nesta vida temos somente uma visão parcial dos propósitos divinos para nós. Sei que a mensagem de que Deus tem um propósito nas nossas vidas é real e motivadora, mas precisamos sustentar nossa fé na realidade de que há dimensões do propósito de Deus para nós que somente a eternidade nos revelará. Os propósitos de Deus são de Deus. Salomão escreveu que Deus colocou a eternidade no coração do homem sem que ele possa descobrir as suas obras, incluindo obviamente, dimensões dos seus desígnios. Deus quer apenas que entendamos que o propósito dele para nossas vidas não findará nesta dispensação, mas continuará a se revelar na eternidade, e quando isto se der, aí sim, teremos uma visão abrangente e completa do que foi o propósito de Deus para nossas vidas durante toda nossa existência aqui na terra. Na eternidade, o entrelaçamento entre seu propósito temporal e eterno para cada um de nós ficará evidente.
Muitos de nós temos dificuldades para entender o propósito divino na vida de algumas pessoas. Como Deus pode ter um propósito na vida daqueles que nasceram cegos, e que passaram pela vida sem serem curados, ainda que crendo em Jesus? Como entender o propósito de Deus na vida dos “Mefibosetes” (Ler 2Sm 4.4) que vemos por este mundo afora? E o que dizer dos abortados? E, das crianças pequenas que morreram acidentalmente, sem sequer saberem quem eram seus pais? Como entender o propósito de Deus na vida delas? O que pensar do mal que todos os dias nos atinge de alguma forma?
O mal permitido por Deus nunca foi capaz e nunca será capaz de quebrar e frustrar os seus propósitos eternos. “O Senhor dos exércitos jurou, dizendo: Como pensei, assim sucederá; e, como determinei, assim se efetuará” (Is 14.24). Deus sempre supervisionou o mal. Ele é aquele que faz o seu caminho no meio da tempestade (Naum 1.3). Todos os fatos da história estão sendo supervisionados por Ele. Nada passa despercebido pelo Todo-Poderoso. Se Deus conhece até a soma dos fios de cabelo de cada um, o que mais Ele não conhece? Se Ele chama suas estrelas pelo nome (existem bilhões), o que mais Ele não é capaz de conhecer e chamar pelo nome?
Estou bem certo de que Deus tem respostas para todo mal que Ele permite, ainda que os homens consigam vislumbrar uma causa imediata para ele. Segue um simples exemplo: No nascimento de Jesus, seus pais tiveram que fazer uma longa caminhada até Belém. Alguns poderiam exclamar: “Uma mulher grávida, perto do nascimento da criança! Isto é muito ruim! Qual a causa imediata deste mal? O cumprimento do decreto de alistamento de César Augusto. Entretanto, nós sabemos que Deus estava agindo por trás desta causa imediata. Uma profecia estava em jogo, e Deus estava mexendo nas circunstâncias para que ela se cumprisse. Jesus teria que nascer em Belém. Felizes são aqueles que conseguem discernir os propósitos de Deus em suas vidas, no tocante ao que Deus lhes tem tentado revelar. Quanto ao mais, apenas confiemos, afinal os propósitos de Deus são de Deus.
Celso Melo
Ipatinga – MG
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