“Ora, quando cheguei a Trôade para
pregar o evangelho de Cristo,
e uma porta se me abriu no Senhor,
não tive, contudo, tranquilidade no meu espírito…”
(2Co 2.12-13).
Certamente você já ouviu dizer que umas das coisas que não voltam na vida são as oportunidades perdidas… De fato o bom senso sempre nos manda aproveitar toda e qualquer oportunidade que esteja diretamente relacionada com a conquista de nossos objetivos. Obviamente, o ideal é que estas oportunidades estejam dentro da visão de nossas potencialidades e recursos que temos. Assim, portas se abrem e caminhos aparecem – oportunidades grandes, pequenas, simples, desafiadoras, inéditas ou insistentes – e que freqüentemente recebem nosso abraço e acolhimento grato. Sempre vemos nas boas oportunidades a mão de Deus que é capaz de mexer na confluência dos acontecimentos e nos surpreender, fazendo com que o homem natural ao nosso redor, diga em sua ignorância que somos pessoas de sorte, muita sorte!
Mas, o que dizer daquelas oportunidades que surgem, e não encontram sintonia em nossos corações? Refiro-me àqueles instantes nos quais elas aparecem, mas não encontram em nós disposição, acolhimento e energia para abraçá-las. A sensação que fica é que elas parecem prematuras (Adiantadas em relação ao nosso momento de vida atual) ou, às vezes, atrasadas no tempo (Como se tivessem chegado tarde demais).
Você já se encontrou em situação semelhante? Um caminho grande e maravilhoso se abriu, uma proposta atraente se formulou, uma aliança forte surgiu, um relacionamento tentador começou a se desenhar, todavia, quando você “olhou” para dentro de si, sentiu apenas desassossego e uma falta de correspondência entre estas duas realidades: A externa da oportunidade e a interna, a saber a intranquilidade que acabou deixando-o indisponível para aquele momento histórico de sua vida.
Houve uma ocasião em que o grande apóstolo dos gentios também se sentiu assim. A situação se passou na cidade de Trôade, onde uma porta pra pregar a Palavra se lhe abriu, mas não encontrou em Paulo um coração disponível e motivado… Ele diz em 2Co 2.12,13: “Ora, quando cheguei a Trôade para pregar o evangelho de Cristo, e uma porta se me abriu no Senhor, não tive, contudo, tranqüilidade no meu espírito, porque não encontrei o meu irmão Tito; por isso, despedindo-me deles, parti para a Macedônia”.
É interessante observar que a intranquilidade que privou Paulo de entrar pela porta da oportunidade de pregar o evangelho foi derivada não da falta de recursos, tempo, perseguição ou outro agente externo, mas foi a ausência de seu companheiro Tito. Com isso pode-se concluir que Paulo estava preocupado com seu companheiro (Onde estava, como estava, o que fazia…) ou desejoso de sua presença que fazia bem ao seu coração… Provavelmente os dois motivos estavam envolvidos. Em relação ao segundo motivo, lembro-me de suas próprias palavras em 2 Co 7.6: “Mas Deus, que consola os abatidos, nos consolou com a vinda de Tito”.
O ponto que quero focar não se prende ao motivo ou motivos que podemos ter e que nos levam a uma determinada sensação de intranquilidade diante de algumas oportunidades que aparecem diante de nós. A questão básica é bem simples: Precisamos admitir esta intranquilidade, reconhecer que nem toda oportunidade que parece ser boa é apropriada pra nós em dado momento de nossa jornada. É preciso sempre olhar pra dentro e para cima.
Às vezes é difícil parar, e não entrar em certas portas que se abrem diante de nós, principalmente quando estas portas claramente expressam um avanço na conquista de nossos objetivos. Por isto é preciso ter olhos no coração, enxergar além das evidências e exercitar nosso caminhar pela fé, ainda que, ao descartarmos certas oportunidades, nossa mente nos diga que oportunidades perdidas não voltam jamais…
Celso Melo
Ipatinga / MG
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