Obediência seletiva

Tempo de leitura: 3 min

Escrito por Celso Melo


E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências” (Gl 5.24).

Eu escrevi um texto baseado no livro de Êxodo focando na primeira batalha travada pelos israelitas tão logo saíram do Egito. Se você não o leu ainda, aconselho que o faça tão logo acabe de ler este texto, ou se preferir, pode tranquilamente fazê-lo agora mesmo a fim de que possa compreender quem foi Amaleque, entendendo também suas representações atuais na vida do cristão. Por que isso é importante? Porque é exatamente na guerra contra os amalequitas que veremos um exemplo clássico do que chamo de obediência seletiva, ou para ser mais direto, obediência pela metade. Ao término desta leitura espero que tenha uma ideia do que Deus pensa a respeito…

Depois do conflito inicial contra Amaleque, narrado em Êxodo, o povo de Israel peregrinou quarenta anos no deserto, quando finalmente entrou na terra prometida. Sob o comando de Josué e demais líderes que, posteriormente, Deus levantara (época dos juízes), os israelitas derrotaram muitos povos até que chegou a época da monarquia, sendo Saul o primeiro rei de Israel. Percebendo que apesar das grandes vitórias que tiveram, os israelitas não haviam derrotado totalmente os amalequitas, Samuel inspirado pelo Senhor disse para Saul: “Assim diz o Senhor dos Exércitos: Eu me recordei do que fez Amaleque a Israel, como se lhe opôs no caminho, quando subia do Egito. Vai, pois agora e fere a Amaleque, e destrói totalmente tudo o que tiver e não lhe perdoes” (1Sm 15.2,3).

A Bíblia diz que tendo ouvido a ordem do Senhor, Saul convocou o povo, pôs emboscada no vale, e “feriu aos amalequitas desde Havilá até chegar a Sur que está defronte ao Egito” (1Sm 15:7). Porém Saul cometeu um grave erro: “Ele e o povo perdoaram a Agague (rei dos amalequitas), e o melhor das ovelhas e das vacas, e os animais gordos e os cordeiros e ao melhor que havia, e não os quiseram destruir totalmente: porém a toda coisa vil e desprezível destruíram” (1Sm 15:9). Deus  havia ordenado a destruição completa de Amaleque, e lá estava um homem que tinha resolvido cumprir parcialmente o que Deus falara. A consequência foi drástica para Saul. Desde aquele momento Deus não mais era com ele e disse a Samuel: “Arrependo-me de haver posto a Saul como rei: porquanto deixou de me seguir, e não executou as minhas palavras” (1Sm 15.11). Saul portanto, perdeu a comunhão com o Senhor, chegando a ficar possesso por um espírito maligno, como resultado de sua transgressão. E pior: Partiu pra feitiçaria, como ato desesperado de ouvir a voz de Deus. Obviamente Deus não estava lá.

Mas afinal, o que a tragédia deste rei de Israel tem a nos ensinar? A resposta se baseia na representação tipológica que Amaleque tem para a igreja do Senhor. Conforme vimos, ele representa o diabo e, mais especificamente, a carne – a natureza pecaminosa que temos. Dentro desta visão, podemos afirmar que nossa carne deve ser totalmente crucificada com suas paixões, bem como também não devemos dar lugar ao diabo, pois “Amaleque” deve ser totalmente  destruído. Se dermos liberdade para a carne e o diabo atuarem em alguma área de nosso viver, estaremos poupando “algo de Amaleque” em nós; e correndo o risco de perdermos a comunhão do Senhor. Saul e o povo destruíram “toda coisa vil e desprezível”, contudo pouparam alguns animais e o rei, presumindo enganosamente que Deus não se importaria com “este detalhe.” Certamente pensaram que a obediência em destruir totalmente o que era vil cobriria a desobediência em poupar alguns animais e o rei.

Este tipo de raciocínio enganoso não ficou preso à história dos israelitas. Frequentemente muitos de nós somos seduzidos por ele. Isto ocorre quando, por exemplo, poupamos uma atitude pecaminosa em nossa vida, simplesmente por não praticarmos outra que sabermos ser considerada nitidamente vil e desprezível. Um exemplo prático desta situação está na pessoa que não se incomoda em dizer “pequenas mentirinhas” pelo fato de não praticar um pecado tão vil e detestável como um latrocínio ou algo do gênero. Devemos lembrar que obediência pela metade, para Deus, é desobediência da mesma forma. Amaleque não deve ser parcialmente destruído, mas totalmente. Isto sim, agradará a Deus. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências” (Gl 5.240).

Celso Melo
Ipatinga / MG

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