Você pode tentar responder essa pergunta recorrendo-se à Bíblia. Há vários textos que eu poderia citar, mas indo direto ao ponto, basta Romanos 7 para saber que há uma natureza pecaminosa em nós contra qual devemos lutar todos os dias. E percebendo isso, você pode, além da Bíblia, examinar seu próprio coração para entender essa verdade. Examinando nossa experiência de quedas, mesmo após a conversão, percebemos claramente que ainda não ficamos livres do corpo do pecado. No entanto, graças a Deus não precisamos ficar escravizados pelo poder do pecado. Mas, quanto ao corpo do pecado, esse sim, devemos dominá-lo, pois ele é a plataforma básica de atuação das obras da carne, a saber a natureza pecaminosa contra a qual combatemos.
Temos que reduzir nosso corpo à escravidão – é o que nos recomenda Paulo: “Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado” (1 Coríntios 9.27). Se deixarmos o corpo nos dominar, ele só fará o que lhe dá prazer, não se esforçará por nada cujo resultado positivo não surja de imediato. E ele não reconhece limites: nunca dorme demais… Nunca se satisfaz sexualmente… Nunca bebe nem come o bastante… Não há limites também para se divertir… e a lista poderia continuar (rsss). Não há limites para a satisfação da carne e do corpo. Portanto, não é difícil percebermos que a nossa natureza pecaminosa é nosso maior inimigo. Ela se vale das necessidades do corpo, mas sua cobiça, vai além das necessidades, construindo um circuito pulsional obsessivo.
Vencer esse inimigo número um requer que observemos a formação de desejos em nós. A racionalização sedutora que tenta nos converter ao próximo desejo é um golpe contra o espírito e não passa de ilusão. Nesse aspecto, precisamos caminhar pela vida desiludidos. É necessário se desprender da mentalidade de que se é possível viver completamente conformado com os desejos de nossa natureza num mundo onde o leque de opções é enorme, e a alma sempre quer mudar para a próxima experiência. Tempos atrás eu escrevi um poema intitulado ‘Gladiadores na arena do nome coração’. Veja como ele é atual na vida de todos nós. Comecei dizendo:
Queremos provar todos os sabores…
Queremos andar por diversos caminhos…
Queremos aproveitar tudo que temos direito,
mas facilmente nos perturbamos
quando nos dizem que devemos assumir
quem realmente somos…
Queremos rever nossos antigos amores,
presentes em um passado mal resolvido…
Queremos amar o santo e o profano,
mas não queremos que por isso
nos advenha juízo e consequências…
Se há alguma conformação com o que se tem, isto é obra do Espírito que age subjugando a carne, pois se ela estiver livre, e reinar na conduta humana, sempre estará como uma voragem, sugando para dentro de si toda satisfação e prazer que puder encontrar no grande oceano de desejos múltiplos que há em nós. Talvez você pergunte: Mas, e o diabo? O diabo sempre está por perto e a maneira de vencê-lo é não dar lugar para a carne.
Satisfação? Somente no amor de Deus! É o único que nos preenche; e ainda que dEle queiramos mais, o que dEle recebemos, nos leva a sentirmo-nos realizados. Nele temos uma satisfação que não gera acomodação, e paradoxalmente uma insatisfação que nos leva a buscá-lo mais intensamente, ainda que não nos sintamos – vazios – como aqueles que nunca encontraram o Senhor da glória. Que Deus nos abençoe, levando-nos à satisfação que sua doce presença é capaz de produzir em nós.
Celso Melo
Ipatinga / MG
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