Um Cristo implorando para ser aceito !?

Tempo de leitura: 3 min

Escrito por Celso Melo

A pergunta culminante que se ouve na maioria das pregações nas igrejas evangélicas em nossa nação brasileira é a seguinte: “Quem quer aceitar Jesus?” Por vezes, imagino a cena de um Cristo implorando para ser aceito. A situação chega a ser constrangedora quando há grande insistência e quase coerção. Entretanto, analisando os evangelhos, vemos outra palavra sendo empregada quando Jesus convidava os pecadores à comunhão com ele. Trata-se da palavra seguir. Vejamos o convite que Jesus fez a Mateus, ao jovem rico e a Pedro:

“E Jesus, passando adiante dali, viu assentado na alfândega um homem, chamado Mateus, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu” (Mt 9.9).

“E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Falta-te uma coisa: vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu, e segue-me” (Mc 10.21).

“E disse isto significando com que morte havia ele de glorificar a Deus. E dito isto, disse-lhe: Segue-me” (Jo 21.19).

Notemos que Jesus se colocava na posição de líder e o convite era para o seguissem, a considerar seu exemplo e inspiração. Obviamente que Jesus buscava  uma  demonstração de atitude por parte dos seus ouvintes, afinal é preciso confessar o nome do Senhor publicamente (Mt 10.32). Igualmente hoje, temos a mesma necessidade, de forma que a manifestação ainda é vital. Ela sinaliza de que lado você está, assim como o batismo. A questão, todavia, parece perder a significação, quando o “aceitar” é absolutizado como uma espécie de jargão do convite para a salvação.  Com isto, não estou sugerindo que se deva deixar de usar a palavra aceitar ou mesmo substituí-la pelo verbo seguir.  O que se sugere é simplesmente não adotar “quem quer aceitar” como fórmula contábil e nem as mãos levantadas, como  a coreografia que valida a conversão, como mencionarei mais adiante. Alguém pode argumentar dizendo que são simplesmente palavras que convergem para o mesmo propósito, e que esta diferença, no final não faz tanta diferença assim. Posso concordar que não haja grande diferença na intenção dos convites sendo feitos, contudo penso que Jesus, quando usou a palavra seguir, ele sabia o perfeito sentido e conteúdo que essa palavra tinha, e continua tendo. Este verbo está cheio de significado e força.

A palavra aceitar significa admitir, reconhecer, receber. A aceitação de Jesus pode ser comprovada por simples confissões verbais, entretanto o seguir não se reconhece facilmente por simples palavras, pois implica em um andar harmonioso… com os olhos atentos em quem se segue.

O convite para segui-lo – que Jesus nos faz-  é um convite ao eterno discipulado, haja vista, as principais acepções da palavra seguir, que são:

Ser dirigido…
Acompanhar com atenção.
Tomar como exemplo…

Retornando à cena dita no início, quando vejo a hora do apelo e as insistências dos pregadores, não posso deixar de perceber aqueles que aceitam, sem de fato se renderem de coração, com total inteireza de espírito e quebrantamento diante de Deus. Às vezes, o que acontece é o desejo de se livrar da insistência do apelo à semelhança do cliente que compra pela chata insistência do vendedor. Não seria este o motivo pelo qual muitos que fazem a coreografia da fé não permanecem?  Sei que a palavra pode parecer forte, mas o que muitos querem ver para contabilizar é simplesmente a mão sendo levantada – o que chamo de coreografia da fé. Pelo comércio da fé, hoje em dia, há muitas coreografias da fé. Pessoalmente, já vi pessoas que vieram à frente nas igrejas; pessoas que entregaram suas vidas à cristo, sem que suas mãos fossem visivelmente erguidas. Também vi, diante destes quadros, pessoas da liderança pedindo-as que levantassem suas mãos, com que dizendo: − Façam o gesto – esta é a forma…

Mas, sobretudo, quando resgato estas cenas em minha mente, o que me sobressalta aos olhos de minha imaginação é um Cristo implorando para ser aceito. Um Cristo que passa a ser desvestido de sua soberania para transformar, salvar e convencer o pecador, por mais duro que seja. E você? Alguma fez foi submetido à coreografia da fé? Ainda permanece nEle, seguindo-o em seu viver diário? Se não, lembre-se de que, como líder, Ele está à sua frente, portanto olhe para Ele, que é o autor e consumador de minha, da sua, da nossa fé (Hb12.2).

Celso Melo
Ipatinga / MG

 

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2 Comentários

  • Charle disse:

    Graça e paz meu amado irmão!

    Comungo desta visão. Em muitos momentos de apelo eu prefiro abaixar a cabeça e clamar a Deus por misericórdia. Outra situação deplorável e que, poderia intular Cristo te pega hoje, ocorre em muitos cultos quando um irmão parado na fé ou algum visitante não cristão é desde do momento da apresentação forçado/coagido a voltar a Cristo ou “aceita-lo”. Tomara Deus que em nossas reuniões o Espírito opere sem forjar nenhuma força humana constrangedora e humilhante.

    1. Celso Melo disse:

      Obrigado Charle. É isto mesmo! E sem contar que tal situação faz parecer que Cristo não é soberano, e que o Espírito não é eficaz quando age.

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