Todo escritor sabe que ideias inspiradoras são como pássaros voando… se ele não as capturar enquanto estão em seu campo de percepção, bem pertinho, elas escaparão, e delas, ele terá apenas vagas lembranças, como retalhos de sonhos ainda presentes na memória.
Tempos atrás, quando lia livros volumosos, muitos deles contendo trezentas ou mais páginas, frequentemente ficava admirado: como será que esse autor conseguiu escrever um livro tão grande! Por certo, permaneceu escrevendo por longas horas todos os dias; e isto, por meses, quando não, anos a fio. Eu ignorava o princípio da semeadura constante, também conhecida com a lei dos rendimentos mínimos constantes ou esforços contínuos.
Por esse princípio somos motivados constantemente a investir em qualquer propósito, obra, sonho, visão e projeto que temos, mesmo se aquilo que fizermos em um dia seja considerado pouco ou nada diante da grandeza da visão original que nos conquistou.
Vivemos na era da modernidade tecnológica. A velocidade de tudo é alarmante. Os serviços, produtos e “desejos” de pronta-entrega batem à nossa porta. A consequência social que temos é uma geração que não compreende a importância dos processos e estágios da criação presentes em qualquer obra e realização. Lembro-me da frase que li certa vez da qual jamais vou me esquecer: “Um vencedor é aquele que conquista uma vitória a cada dia, por menor que pareça ser”.
Caro leitor, sem essa compreensão, você pode desanimar quando o sonho e o propósito são grandes e trabalhosos. Se você não tiver no seu espírito enraizada a convicção de que todo passo é importante quando se tem um destino, nunca andará com firmeza. É por isso que muitos sonhos são esquecidos e abortados ao longo da jornada. Perde-se a visão do resultado a longo prazo dos pequenos esforços diários.
A nossa geração tem amado os sonhos compactados e empacotados através de poucos esforços. A perseverança, paciência e determinação não são virtudes cultivadas como antigamente. Honroso é aquele que ainda as cultiva. Deus honra o trabalho e a fé dos perseverantes.
Tendo essa situação em mente, pense no grande paradoxo que é a manutenção da obra de Deus, e de várias causas sociais e projetos filantrópicos de ajuda humanitária. Normalmente, o dinheiro das contribuições vem de várias pessoas, de vários lugares, mas é pouco no seu valor unitário, ou seja: a obra é sustentada pelo pouco dinheiro de muitos. Tal realidade é paradoxal e encerra uma grande ironia divina para dois tipos de pessoas: primeiro para aqueles que têm boas condições de contribuir, porém não o fazem por pura avareza. Depois, para aqueles que não têm grandes condições e menosprezam o pouco que poderiam doar, por pura mesquinharia.
A atitude dos que desanimam de fazer o pouco que poderiam fazer hoje, exatamente porque é pouco e o sonho é grande, trabalhoso e demorado agem de forma análoga ao padrão de mentalidade dos indivíduos da situação acima descrita, daqueles que menosprezam o pouco que possuem. Lembro-me de Jesus que disse: “Se fores fiel no pouco, sobre o muito te colocarei” (Mt 25.21).
Quero motivar você a não desanimar jamais dos seus sonhos, ainda que pareçam distantes e grandiosos. Pode ser que haja algumas coisas que você gostaria de fazer, mas que ainda não tem condições… Por outro lado, podem existir coisas que você precisa fazer, porém não está fazendo. E como alguém já disse em algum lugar: “Não deixe aquilo que você não consegue fazer hoje, impedi-lo de fazer o que você pode fazer agora mesmo”. Portanto, aja!
Celso Melo
Ipatinga / MG
Deixe um comentário