Se você leu o texto “Nossa armadura espiritual” compreendeu o local onde a espada do Espírito deve estar. Agora, eu convido você para avançar no seu entendimento e compreender que: Embora, a espada se manifeste pelas nossas palavras através dos nossos lábios, a fonte de sua força está – não nos nossos lábios e palavras simplesmente, mas em nossos corações. Jesus disse que a boca fala do que o coração está cheio (Mt 12.34). Se o coração não estiver cheio da Palavra, a boca estará murcha e vazia. Assim, a espada não se manifestará. Há uma relação estreita entre aquilo que está no coração e as palavras da boca.
Além deste versículo no qual Jesus claramente afirma que a boca fala do que está cheio o coração, temos vários outros que apontam para essa realidade: Davi disse: “Cri, pois isso falei” (Sl 116.10). No Sl 119: 11 ele expressa: “Escondi a tua Palavra em meu coração para eu não pecar contra ti”. O apóstolo Paulo acentua que é com o coração que se crê, e com a boca que se faz confissão da salvação (Rm 10.10). Concluindo, devemos crer que a espada do Espírito, a Palavra de Deus, deve estar em nossos corações. A boca apenas a manifesta. Ela deve habitar ricamente nossos corações (Cl 3.16) como uma esponja encharcada d’água que – quando apertada – sempre liberará água. Assim, sempre quando alguém entrar em contacto conosco, a pergunta que devemos fazer no silêncio dos nossos pensamentos deve ser: Como posso fazer para, de alguma forma, abençoar essa vida, fazendo-a ser tocada pela Palavra de Deus?
Lembro-me de um acontecimento fantástico que muito me edificou sobre essa questão, a saber a importância de se ter um coração possuído pela Palavra. Eu estava participando de um enterro de uma serva de Deus. No final, eu aproximei-me de um senhor que estava bem próximo ao corpo e que parecia muito comovido na hora da despedida final. Eu lhe perguntei: “O que o senhor era dela?” Ele me respondeu: “Esposo”. Quando ouvi, mais que depressa falei: “Que Deus conforte o teu coração”. Quando terminei de expressar essa pequena frase, ele com uma voz firme, cheia de sentimentos e realidade de fé, exclamou: “Eu sei que meu redentor vive…”. Jamais me esqueci dessa cena. Aquele ancião possuía a Palavra (Jó 19.25), e ela não estava simplesmente na sua boca. Ela, através dos anos, havia se enraizado em seu coração. Quando algo penetra neste nível, nada o tira de lá. Penso na leveza do evangelho que pregamos. Quantos de nós falamos, mas apenas como repetidores de versículos decorados. Não há raiz, não há alicerce, não há vida, portanto não há unção que convence o pecador.
Se você agora já compreendeu que a Palavra deve habitar ricamente em seu coração para que a espada se manifeste em sua boca, terá que compreender que a espada é do Espírito. Está escrito: “Tomai… a espada do Espírito, que é a palavra de Deus.” Observe atentamente: A espada não é sua, não é dos seus próprios pensamentos, ou seja, daquilo que pensa, gosta, das inspirações que sente, não é de outro alguém, mas sim do Espírito. Cabe portanto ao Espírito usá-la, quando quiser, da maneira e no ambiente que lhe aprouver.
O poder que vivifica a Palavra vem dele, o Espírito. Você certamente já ouviu alguém pregar ou ensinar sobre as coisas de Deus, mas ao reparar em suas palavras, parecia que havia algo de errado, não é mesmo? Jesus disse que o Espírito falaria por nós. Ele sabia que a espada não é nossa, mas sim do Espírito. Temos de aprender com o nosso mestre. Ele também disse que não falava de si mesmo e que as palavras não eram dele. (Jo 5.30; Jo 14.24). A espada é o Espírito. Somente quando Ele a utiliza é que ela produz o efeito desejado.
Se nós não buscarmos um estreito relacionamento com o Espírito, se não nos enchermos da sua unção, se não entendermos sua vontade, não teremos a espada, não teremos a Palavra de Deus em nossos lábios. Ela somente é viva e eficaz quando, quem fala, não somos nós, mas sim o Espírito. Devemos simples, e tão somente, darmos voz às palavras do Espírito. Muitos querem falar, e então discursam para sua própria glória. Herodes foi um desses. Como não havia vida divina em suas palavras – morreu. Somente quando as nossas palavras se mesclam com as palavras do Espírito, elas se tornam espírito e vida, e o resultado passa a ser grandioso. Jesus disse que suas palavras eram espírito e vida (Jo 6.63). Que as nossas o sejam também.
Por fim, Paulo encerra dizendo no verso 18: “Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos”. Ele apresenta a oração como necessidade básica e vital para que tudo aquilo que ele mencionou anteriormente seja realidade e tenha funcionalidade na nossa vida espiritual.
A Oração é fundamental para se ganhar destreza e tornar o soldado apto e com saúde para usar bem a sua armadura espiritual. Imagine um soldado vestido com a armadura descrita: Capacete, couraça, escudo, espada, etc. Embora bem vestido, se ele não estiver saudável, não conseguirá nem mesmo caminhar. Não terá destreza, habilidade na batalha.
Além disto, a oração deve sempre ser acompanhada da atitude de perseverança e vigilância para não sermos surpreendidos pelo inimigo. Somente assim as armas da nossa milícia serão poderosas em Deus para destruição das fortalezas malignas (II Co 10.4). Que Deus te abençoe e faça de você um soldado, lembrando que o reino de Deus não “admite civis”. Portanto, fora toda neutralidade.
Celso Melo
Ipatinga / MG
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