Se você está lendo estas linhas, imagino que seja porque tenha assistido ao vídeo que fiz sobre a experiência e exemplo de Jesus ao lidar com uma situação que podemos facilmente caracterizá-la como entristecedora – a saber a morte do profeta João Batista. É bom lembrar de que não se tratava simplesmente de um profeta. João Batista também era primo de Jesus. Caso você não tenha assistido ao vídeo, recomendo que o faça agora, a fim de facilitar o entendimento. Nele eu apresento o ato de ajudar alguém como a chave I no enfrentamento da síndrome depressiva. Tratarei agora do que chamo chave II (depois veremos a chave III), mas antecipo em dizer que estas chaves não estão em uma ordem de prioridade ou encadeamento – do tipo receitinha para ser feliz, ficando livre de todos os problemas. Não há essa prerrogativa para os filhos de Deus na presente dispensação.
Como plataforma de entendimento, acompanhe comigo o que se deu no jardim do Getsêmani: “Então chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto vou além orar. E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito. Então lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até à morte; ficai aqui, e velai comigo. E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres. E voltando para os seus discípulos, achou-os adormecidos; e disse a Pedro: Então nem uma hora pudeste velar comigo? Vigiai e orai, para que não entreis em tentação: na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca. E, indo segunda vez, orou, dizendo: Pai Meu, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade. E, voltando, achou-os outra vez adormecidos; porque os seus olhos estavam carregados (de tristeza e sonolência). E, deixando-os de novo, foi orar pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras” ( Mt 26.44).
Creio que não é difícil imaginar o cenário, não é mesmo? Também não é preciso profunda análise para saber que Jesus estava numa situação de profunda tristeza – um quadro típico de depressão. Obviamente não uma depressão que foi crescendo ao longo do tempo, mas no caso dele – um quadro sintomático depressivo exclusivamente circunstancial e breve (que isto fique bem claro!). As pistas para esta conclusão estão nas frases:
“Começou a entristecer-se e a angustiar-se muito…”
“A minha alma está cheia de tristeza até à morte”.
Diante deste quadro nós podemos observar Jesus expressar um desejo bem interessante em relação aos seus discípulos. Você atentou para a natureza deste desejo? As pistas estão nas frases:
“Ficai aqui, e velai comigo”.
“Então nem uma hora pudeste velar comigo?
Sim. Imagino que você deva ter acertado: Jesus expressou seu desejo por companhia, seu desejo por estar cercado por sua rede mais íntima de convivência, e aqui está – pela experiência e exemplo do nosso mestre – uma chave essencial para vencer a depressão, a saber superar toda tendência ao isolamento e procurar estar acompanhado.
Se você está passando pelo vale da depressão, pense nas pessoas ao seu redor. Saiba mapear sua rede de apoio. Levante nomes daqueles que Deus tem colocado próximos a você. Fazendo isso, perceberá que não serão simplesmente pessoas de sua família. Depois desta tarefa inicial, procure estas pessoas, ou se deixe encontrar por elas. Vença o isolamento, ainda que você não se considere como sendo uma boa companhia. Na medida em que isto for feito, perceberá – pelo benefício do diálogo e troca de sentimentos – o quanto a presença das outras pessoas é capaz de sutilmente contribuir para alterar seu estado emocional. Consequentemente, as muralhas da depressão começarão a cair.
Celso Melo
Ipatinga/MG
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